O CINE COLONIAL
Nasci no Prado. Durante muitos anos, morei na Avenida Siqueira Campos, exatamente, ao lado do cine Colonial. Posso afirmar com certeza absoluta, que foi ali que nasceu meu gosto pelo cinema, pela leitura, e porque não dizer pela música. O Cine Colonial pertencia ao casal seu Eraldo e do dona Novinha. Ela geralmente na porta, recebendo os bilhetes e seu Eraldo na técnica, era o responsável pelo bom andamento dos filmes, claro em preto e branco.Foi no Colonial com certeza que tive meus primeiros contactos com os astros do cinema nacional. Grande Otelo, Oscarito, Zé Trindade, Cil Farney e todo elenco da Atlântida que animava as nossas tardes de domingo. O Cine Colonial, tinha 5 janelas de cada lado, ( duas dava prá quintal de minha casa) que dava claridade e ventilação ao ambiente interior, quando não estava em sessão.Uma tarde não tendo dinheiro para a entrada, não me fiz de rogado, peguei uma escada, encostei no pé de abacateiro e abri a janela. Só não contava que com a claridade vinda da abertura exterior perdia-se, claro, a qualidade da sessão, o que foi logo percebido por todos os expectadores, pelo seu Eraldo que projetava o filme e pelo guarda civil que, que sorrateiramente puxou a cordinha da janela imprensando a minha cabeça.A Molecada que assistia a tudo caiu na gargalhada e vaiava sem cessar. As luzes acenderam-se, o filme interrompido. Todos me viram.Desci, mas que desconfiado, acanhado, chateado. Foi o maior mico que já paguei. Passei um bom tempo sem aparecer no cine Colonial.
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