DESAFINADO
Otávio Cabral
Meu corpo é um encosto de só
Sofro desde sempre
descoramentos de adeuses
Dor é a frincha que se constrói
quando o homem se pensa abandonado de raiz
Sempre que me desconserto
vem uma rebeca desafinada e me corrige
Queria era me rebobinar
até a brotação de minhas nascentes
Lá onde se insinua o verbo alagoar
(sotaque aquático armado de sal)
Sá assim ia poder colher o ovo de fogo
que se põe no fim da minha rua
*
É nisso que dá desfiar fio de memória
Termina-se enredado na teia.
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