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SUETONIO SARMENTO PÁGINA LIVRE

17 de julho de 2010

ELITE FALIDA DA BORRA DO MELAÇO

O SENTIDO do provérbio: " AS PALAVRAS VALEM PRATA, O SILÊNCIO VALE OURO", é mais profundo do que muita gente imagina. Não ter palavras para alguém, não significa se reservar, se acautelar, se proteger, mas acima de tudo, desprezar ações que muitas vezes não se coadunam com os verdadeiros sentimentos ou princípios fraternos e humanos.Determinadas pessoas nunca poderiam passar pela vida, sem ler, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Darcy Ribeiro. Entender o princípio antropológico de sua própria existência, é uma condição elementar para se aceitar como ser e ver no outro, reflexo de sua própria  construção, na busca de uma vida melhor. Por não ter palavras para você "senhora do engenho" que faz parte da elite falida da borra do melaço, eu faço minhas as palvras de Gilberto Freyre.

O Outro Brasil que vem aí
Gilberto Freyre

Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
de outro Brasil que vem aí
mais tropical
mais fraternal
mais brasileiro.
O mapa desse Brasil em vez das cores dos Estados
terá as cores da produções e dos trabalhos.
Os homens desse Brasil em vez das cores das três raças
terão as cores das profissões e regiões.
As mulheres do Brasil em vez das cores boreais
terão as cores variamente tropicais.
Todo brasileiro poderá dizer: é assim que eu quero o Brasil,
todo brasileiro e não apenas o bacharel ou doutor
o preto, o pardo, o roxo e não apenas o branco e o semi branco.
Qualquer brasileiro poderá governar esse Brasil
lenhador
lavrador
pescador
vaqueiro
marinheiro
funileiro
carpinteiro
contanto que seja digno do governo do Brasil
que tenha olhos para ver pelo Brasil,
ouvidos para ouvir pelo Brasil,
coragem de morrer pelo Brasil,
ânimo de viver pelo Brasil,
mãos para agir pelo Brasil,
mãos de escultor que saiba lidar com o barro forte e novo dos Brasis
mãos de engenheiros que lidem com igresias e tratores europeus e norte-americanos
a serviço do Brasil
mãos sem anéis ( que os anéis não deixem o homem crirar nem trabalhar),
mãos livres
mãos criadoras
mãos fraternais de todas as cores
mãos deseguais que trabalham por um Brasil sem Azeredos,
sem Irineus,
sem Maurícios de Lacerdas,
Sem mâos de jogadores
nem de especuladores nem de mistificadores.
Mãos todas de trabalhadores,
pretas, brancas, pardas, morenas,
de artistas,
de escritores,
de operarios, de lavradores,
de pastores,
de mães criando filhos, de pais ensinando meninos
de padres benzendo afilhados,
de mestres guiando aprendizes
de irmãos ajudando irmãos mais moços
de lavadeiras lavando
de pedreiros edificando
de doutores curando
de cozinheiras cozinhando
de vaqueiros tirando leite de vacas chamadas comadres dos homens.
Mãos brasileiras,
mãos brancas,morenas,pretas, pardas, roxas,
tropicais,
sindicais,
fraternais.
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
desse Brasil que vem aí.




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