MEU PAI não compreendeu a batida sincopada do violão de João Gilberto, nem o toque sútil e harmônico do piano de Tom Jobim. Não por falta de sensibilidade, mas, talvez pela resistência ao novo, talvez pela falta de contextualização que as novas harmonias imprimia a seu tempo.Gostava de Francisco Alves, Silvio Caldas,da Hebe Camargo - álias sou fã da Hebe cantando - e tantos outros cantores da era de ouro do rádio.Um certo dia, meu pai conversava com um velho amigo chamado Ciro Jorge. Eu, ficava ouvindo as conversas, não entendia nada, mas, me sentia importante. Enquanto eles regava a conversa a cerveja, com pastéis e empadas da Danaúbio, eu, tomava um guaraná Davino.As conversas versavam sobre tudo. Políticas,fatos locais, brigas familiares, assassinatos, -constantes em Alagoas- músicas.Me lembro bem, Ciro Jorge gostava de Fado, falava sempre de Amália Rodrigues, e algumas vezes, ensaiava um fado beirando um allegro ma non troppo.Meu pai, olhando nos olhos de Ciro, dispara uma frase...que ficou gravada em minha memória, várias vezes, voltei a conversar com ele sobre isso, mas, ele nunca deu atenção, nem justificou qualquer coisa.
A batida do violão de João Gilberto, sua voz sussurante e o piano de Tom Jobim, ganharam o mundo.A Bossa Nova, abriu espaço para músicos que buscavam inovações harmônicas, construções melódicas sofisticadas, o mundo se curvava a essa música bem estruturada.
Cresci ouvindo bossa nova, para mim, nada melhor que uma boa bossa. O pouco que aprendi de música, confesso, foi me espelhando nos músicos que ajudaram a construir a boa Música Popular Brasileira, porém, ouço, ainda hoje, todos os grandes cantores e compositores da época de ouro do rádio, que meu pai tanto gostava
...É Ciro agora surgiu uma tal de BOSTA NOVA.
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