5.CONTANDO HISTÓRIA/1978

FIM DA DECADA DE 70,  as instituições democráticas, gradativamente, iam se ajustando a nova realidade do país. O processo de abertura política transcorria com insegurança. Todas as brechas tinham de ser ocupadas. Em Maceió,as esquerdas se organizavam, assim como em todo país, em torno do PMDB.Nesta época eu fazia a cobertura ( como colaborador do Jornal de Alagoas) do Projeto Pixinguinha. Naquela noite,  não me recordo quem era atração no Teatro Deodoro, estavámos todos compenetrados, para após o término do espetáculo, aproveitando a saída dos espectadores fazermos um comício relâmpango. Renan Calheiros, subiria no banco, falaria no máximo cinco minutos e todos se dispersariam, cada um para um lado. E assim foi, eu entrei pela Rua Barão de Alagoas, de um lado havia o café Afa ( café que abafa) do outro lado a tabacaria do Hélio Taveiros. Foi lá que me misturei com os poucos clientes, comprei um maço de cigarros minister e saí andando, ainda muito desconfiado. Quando cheguei quase em frente a Igreja São Benedito, senti uma mão pesada caindo sobre os meus ombros. Gelei da cabeça aos pés. Pensei - Caí.

Ouvi uma voz: - Cara tá indo prá onde? Ao me virar me deparo com o Jarbas Salgueiro e a namorada Walnerise, amigos do Trapiche da Barra. Fiz uma alegria imensa, acendi um cigarro, que de dois tragos já tava no filtro e ria quase que descontroladamente. Eles olhavam prá mim, sem entender o porque daquela alegria toda, até porque tinhamos nos encontrado pela manhã.

Lá pelas vinte e três horas, estavámos todos no Bar do Alípio, (nosso quartel general) , eu, Ênio Lins,Thais, Carlos Pompe,Joinha, Eclivan, Dario e Lidia Bernardes, Marcílio, Mestre Aureo, Graça Baratão, Gracinha e tantos outros que se reuniam todas as noites para cantar, discutir política e beber.A lua dormia sobre as águas mornas da Lagoa Mundaú, e a gente CONTANDO HISTÓRIA.